Aluna da APAE é a vencedora de concurso nacional
Poderia ser mais uma história de abandono, preconceito e falta de oportunidade. Mas, felizmente, diferente de algumas pessoas que são discriminadas por possuir algum tipo de deficiência, Raiana Lima de Oliveira, 16, estudante do Centro Educacional Especializado da Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Ceduc/Apae), é um exemplo de superação e conquista.
Ela é a vencedora do 6º Concurso de Desenho e Redação, promovido pela Controladoria Geral da União (CGU), na categoria Desenho. O certame foi promovido entre estudantes do 1º ao 5º ano do ensino fundamental.
Com o tema "Acesso à informação, um direito de todos", dos mais de 190 mil alunos inscritos em todo o país, foram selecionados 588 desenhos e um escolhido um trabalho vencedor, justamente o da estudante baiana.
Quando indagada sobre o que ela pensou quando estava no processo de criação, Raiana foi categórica: "Na população". O desenho traz as cores e o formato da bandeira do Brasil. Na imagem, índios, negros e brancos são representados com igualdade e possuem a chave do Congresso Nacional, além de um cadeado nas mãos.
"Este é o lugar onde eles [os políticos] se reúnem para decidir. Este lugar tem que dar acesso à sociedade", defendeu Raiane.
Aurelina Oliveira, 55, dona de casa, avó de criação de Raiana, não acreditava que a neta fosse ganhar. "Quando eu a coloquei na escolinha, me disseram que a dificuldade de Raiana era falta de palmada", lembrou Aurelina.
Atendimento
Raiana é uma das 1.105 crianças, adolescentes e adultos com deficiência intelectual que são atendidos na Apae de Salvador todos os anos, nas unidades educacional, profissionalizante e de acompanhamento no trabalho.
Segundo a professora Miralva Marques, 55, coordenadora pedagógica da Apae, "Raiana apresenta deficiência intelectual de grau leve, se encontra com quadro estável, executando atividades escolares na rede regular de ensino, com acompanhamento educacional especializado".
Raiana é descrita como uma criança educada, meiga e prestativa. "Quando a gente faz as coisas com amor, tudo sai bem feito e daí colhemos os frutos. Raiana procura fazer tudo com esmero", falou Teodora Cerqueira, 49, arte-educadora da Apae.